quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

MUNDO HELÊNICO

MUNDO HELÊNICO

A história da Grécia não pode ser compreendida sem se tomar em consideração a geografia do país. A Grécia é uma terra acidentada com certo número de pequenas planícies costeiras, separadas, uma das outras, por barreiras montanhosas que podem ser intransponíveis  no inverno, e de difícil acesso todo o resto do ano. A pequenes e o isolamento dessas planícies levaram os gregos a pensar em termos de uma unidade política limitada, o que chamavam as " polis " ( de onde derivou a palavra política), e que convencionalmente, se traduz pela expressão " cidade-Estado ".
Aristóteles, o maior dos teorizadores políticos da Grécia, disse que um Estado de 100.000 cidadãos deixaria de ser um Estado, tal como um barco com um quarto de milha de comprimento, já não seria um barco. Podemos troçar de tal estreiteza de espírito, mas nunca compreenderemos os gregos se não aprendermos a pensar nesses termos.
JOHN FERGUSON

 
VOCÊ SABIA QUE...
...a Grécia, há milhares  de anos passados, era um verdadeiro continente ligado ao litoral da Ásia Menor?
...em determinado momento esse continente foi invadido pelo mar que, atualmente, se chama Egeu?
...as ilhas do mar Egeu são, ainda, os pontos mais altos das montanhas submersas?
...a palavra " grego " vem do latim " graeci " nome dado a certa tribo helênica que vivia na ilha de Eubéia, e que foram os romanos que por engano, chamaram de gregos os membros das outras tribos?
...os gregos construíram magníficos templos para os  seus deuses, mas não havia, na Grécia, uma classe sacerdotal?
...na Grécia, eram realizadas grandes festas em homenagem às suas principais divindades?
festa em homenagem ao Deus Dionísio

...as mais importantes festas eram as Panatenéias, celebradas, em Atenas, e os Jogos Olímpicos, celebrados em Olímpia?

...nas Panatenéias, através de desfiles, espetáculos, torneios, cânticos e solenidades especiais, os atenienses rendiam culto à deusa Atena?
 Atena: deusa da sabedoria
 
 deuses a assistir a procissão das panatenéias

...os Jogos Olímpicos, realizados em honra de Zeus, reuniam os melhores atletas da Grécia?

...nesses jogos é que se inspiravam as grandes competições internacionais hoje chamadas, impropriamente de Olimpíadas?
...a palavra Olimpíada significa o espaço de quatro anos compreendido entre os Jogos Olímpicos?

...os Oráculos tinham grande importância para os gregos, pois através deles os deuses respondiam às consultas dos homens?
...o mais famoso dos oráculos era o de Delfos, consagrado a Apolo?

domingo, 25 de dezembro de 2011

O Estremo Oriente: você sabia:

EXTREMO ORIENTE

...

Extremo Oriente
...a grande muralha da China que se estende por 2.400 quilômetros, foi construída há mais de vinte séculos?

...o rio Amarelo é chamado pelos chineses de "Tristeza da China", em consequência dos prejuízos que causa com as suas enchentes?

...na China, país de grandes vias fluviais, as palavras, HO, KIANG, KONG, significam rio?
 
...segundo a tradição, YO-O-GRANDE, primeiro imperador da dinastia HIA, mandou medir a terra, de polo a polo?
 fragmento da pintura manhã primaveril noa palácio dos imperadores chineses da dinastia Han

...segundo Confúcio, o defeito grave não é ter defeitos, mas ter defeitos e não tentar corrigí-los?
 



domingo, 18 de dezembro de 2011

Cretense e Fenícios

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CRETENSES E FENÍCIOS

Cartago situava-se na costa africana
 ...Dido, princesa tíria, fundou Cartago em 814 a.C?
...os cretenses, hábeis arquitetos, edificaram casas de dois ou três andares, sustentadas por caíbros, com paredes de tijolos ou de pedra?
 Creta maior ilha da Grécia

...em Creta já se usavam os esgotos coletivos e as serpentinas ou canos destinados ao aquecimento das salas?

 ...a palavra " alfabeto " provém do nome das duas primeiras letras gregas , o alfa e o beta?
 a palavra alfabeto compõem-se de ALPHA + BETA

...as palavras alfa e beta não são gregas, mas fenícias?
 o alfabeto fenício foi adaptado na Grécia

...na língua fenícia, alfa quer dizer " boi " e beta quer dizer " casa " ou " tenda " ?

...os fenícios não faziam nenhuma distinção entre comércio e pilhagem?
...durante muito tempo a palavra " fenício " foi sinônimo de pirata?
Fenícia localizava-se na porção norte da Palestina

domingo, 11 de dezembro de 2011

ALIMENTAÇÃO: TROCAS CULTURAIS

ALIMENTAÇÃO: trocas culturais



Ao longo da história, os contatos entre povos envolveram trocas culturais em diferentes situações

Algumas vezes, ocorreram trocas de conhecimentos e de costumes entre os povos por meio de contatos comerciais ou de viajantes.
Outras formas se deram de forma desigual, decorrencia de conquista militar e dominação de um povo sobre o outro.


São exemplos dessas trocas as incorporações de novos alimentos e hábitos alimentares desencadeadas pela colonização da América pelos europeus.
Entre os principais produtos  alimentícios originários de vários países do mundo que os europeus trouxeram para a América destacam-se o trigo - do qual do Brasil. é hoje o segundo maior importador do mundo - a cana-de-açúcar e o arroz.



Entre os animais domésticos:
destacam-se as aves ( galinhas, patos, gansos ) das quais se aproveitam a carne e os ovos, e o gado bovino que fornece carne, leite, manteiga, queijos.
Entre os vegetais transportados pelos europeus
destacam-se o alface, couve, repolho e nabo; entre as frutas, laranja, limão, uva, banana, manga, pêssego, melância e melão, e e, entre as bebidas , chá e café.

Os alimentos americanos que mais fizeram sucessos na Europa, na Ásia e na África foram:
as batatas ( tanto a chamada batata-inglesa quanto a batata-doce)
o milho,
o cacau ( matéria-prima dos chocolotes)
e o tomate
sem desprezar os vários tipos de feijão,
o amendoim,
a perfumada baunilha,
o sagu
e a castanha-do-pará,
além de algumas frutas,
da mandioca - hoje base da alimentação africana -
e do algodão
e do girasol, dos quais se extraem óleos comestíveis.
A carne de petru também era muito apreciadas.
De modo geral, conforme explicado a integração dos alimentos americanos à dieta européia foi lenta e tardia, levando em média duzentos anos. Os europeus tiveram primeiro de vencer seus preconceitos contra alimentos que lhe pareciam estranhos vindos de locais que a maioria desconhecia.
A batata e o tomate americanos, por exemplo, durante muito tempo foram identificados na Europa como produtos diabólicos.

Diego Rivera. Painel sobre a colonização espanhola no México. 1950 ( Palácio Nacional , Cidade do México, México)

sábado, 3 de dezembro de 2011

O HOMEM: O uso dos metais

 O HOMEM: e seus metais através dos tempos

 As raças humanas
Poema escrito por Hesíodo, um poeta grego que viveu no século VIII a.C
"Primeiro os deuses imortais criaram a raça de ouro dos homens mortais (...)
 Os mortais vivam como deuses, (...) longe de penas e misérias; nem temível velhice lhes pesava, sempre iguais nos pés e nas mãos, alegravam-se em festins, os males todos afastados (...) Então uma segunda raça bem inferior os deuses criaram ,de prata (...) E Zeus Pai criou uma terceira raça de homens mortais, de bronze, em nada semelhante à de prata; (...) nenhum trigo eles comiam e de aço tinham resistente o coração (...)
Mais depois também a esta raça a terra cobriu (...) Antes não estivesse eu entre os homens da quinta raça, mais cedo tivesses morrido ou nascido depois.
Pois agora é a raça de ferro e nunca  durante o dia cessarão de trabalhar e penar e nem à noite de se destruir; e árduas angústias os deuses lhe darão "
HESÍODO, Os trabalhos e os dias . São Paulo: Iluminuras, 1990, p. 32-35


O USO DE METAIS: O HOMEM

Há mais de 7 mil anos  o homem começou a utilizar metais e descobrir suas propriedades. Foi um passo decisivo para o início da Idade dos Metais. Então o cobre , o ferro e outros materiais começaram a entrar na história humana.

O tempo do Cobre
No período neolítico, verificou-se que uma pedra avermelhada era menos dura que as outras. Podia-se alterar sua forma por meio de golpes, e trabalhá-la ainda melhor quando era quecida e ficava maleável. Essa pedra especial era o cobre que na realiadade é um metal.
Em seguida veio a fusão do cobre, seu derretimento por meio do calor. O metal em fusão era depejado em recepientes com cavidades e assumia assim, a forma desejada.
Foram encontradas peças de cobre com a idade de 7 mil anos de idade, trabalhados por marteladas, e também utensílios domésticos, molduras de espelhos, ornamentos e machados, feitos de cobre fundido. Era o período do Cobre.
Mesmo com o uso dos metais, os instrumentos de pedra continuraram a ser fabricados.

Bronze: uma liga muito resistente
Por volta de 3.000 a.C, ocorreu uma descoberta fundamental: que a fusão de cobre e estanho dava origem a uma liga metálica mais dura e resistente que os minerais originais.
Surgia o bronze, que promoveu uma revolução nos instrumentos de trabalho de guerra.
Pontas de lança e de flecha, escudos, couraças, machados e espadas que, durante dois milênios foram usados por combatentes da Grécia ao Egito, da Mesopotâmica à China eram alguns dos objetos feitos de bronze.
A difusão dos objetos de ferro
Durante a Idade do bronze, o ferro foi um material raro e valioso, obtido dos meteoros.
Os egipcíos o chamavam de " cobre negro  do céu ". Objetos feitos com esse metal foram achados nos túmulos dos faraós.
Por volta de 1.500 a.C, porém o ferro passou a ser extraído do solo. O minério de ferro retirado das jazidas era misturado a outros elementos, como calcário e carbono ( encontrado no carvão ), e aquecido em fornos até se transformar numa massa pastosa. A seguir a massa esfriada era batida para eliminar as impurezas. Com o material restante fabricavam-se objetivos.
O uso do ferro transformou a vida dos povos antigos. Fabricadas mais facilmente, as armas e ferramentas se multiplicaram. Foi o começo de uma corrida tecnológica que prosegue até hoje, nos laboratórios e nas siderúgicas

Ouro e prata
Juntamente com o cobre, o ouro e a prata foram os primeiros metais a serem trabalhados.
O ouro e a prata, dois metais preciosos, não se oxidam em contato com o ar, isto é, mantêm-se inalterados. Além disso são maleáveis.
Por exemplo, com um grama de ouro pode-se obter um fio de três quilômetros de extensão!
Por isso, ambos os metais monstraram-se ideiais para a fabricação de jóias e outros ornamentos: artefatos de ouro e prata foram encontrados em túmulos reais de 6 mil anos atrás.
O ouro, em particular, é precioso por outra razão; ele não é encontrado com facilidade na natureza


Chumbo
 
O chumbo é um metal obtido da galeria, um minério escuro. Os compostos de chumbo são altamente venenosos, podendo causar fortes cólicas, náuseas, diarréia, dificuldade motoras, anemias etc. A peça mais antiga feita com esse material já  encontrada é um artefato egípcio de 3.800 anos.
A maquiagem escura que a rainha egípcia Cleópatra usava em volta dos olhos nada mais era do que um pó feito de galena. O principal exemplo do uso do chumbo foi dado pelos romanos, por volta de 2 mil anos atrás. Os romanos usaram o chumbo como maquiagem, na fabricação de encanamentos , de utensílios de cozinha e de vasos para estocar vinho e comida. Os romanos chegaram a usar o acetato de chumbo para adoçar vinhos e molhos.

Você sabia que:

" Na década de 1920, o arqueólogo britânico Leonard  Wooley realizou escavações na região de Ur, onde viveu o povo sumério e hoje é parte do território do Iraque. Ele encontrou mais de 1.800 tumbas, cheias de objetos, que remontam a 3 mil anos antes de Cristo. Parte desse acervo pode ser conferido no Museu de Arte Fogg da Universidade Harvard...(...) A mostra ddos tesouros das Tumbas Reiais de Ur traz 425 peças, entre jóiais, xícaras e tigelas de ouro e prata, armas e obras de arte, que revelam o modo de vida ---- e morte ---- dos antigos sumérios. (...) "
O estado de S. Paulo, 6 de agosto 2002

domingo, 27 de novembro de 2011

A OCUPAÇÄO DO INTERIOR DO BRASIL - 1661-1789

A OCUPAÇÄO DO INTERIOR DO BRASIL - 1661-1789

DROGAS, COURO, ÍNDIOS E OURO:
Brasil Colônia

A colonização, a ocupação do interior do Brasil - 1661-1789

Os viajantes que estiveram no Brasil no século XVII, contaram que eram raras as notícias que interessavam aos habitantes das cidades e vilas, mesmo no litoral. Mas, no início de 1641, os navios chegados da Europa trouxeram uma novidade importante.
Em dezembro de 1640, o duque de Bragança fora aclamado rei de Portugal, com o nome de Dom João IV. Portugal se separava da Espanha. Acabava-se a União Ibérica. Era a Restauração ( recuperação ) da independência de Portugal perdida em 1580.
 
Mas, Portugal, tão enfraquecido, política e economicamente, por causa da União Ibérica, conseguiria manter a sua independência restaurada em 1640?
Para vencer os Habsburgos espanhóis, aliou-se aos seus inimigos: ao rei da França Luís XIII, em 1641, à rainha Cristina da Suécia, no mesmo ano e ao rei Carlos I, da Inglaterra, em 1642. 
O mundo das drogas:
Quando os holandeses conquistaram as colônias portuguêsas no Oriente, Portugal perdeu o seu lucrativo comércio de especiarias. A solução seria consegui-las na floresta amazônica, onde já existem em estado nativo e não como no Oriente, onde eram cultivadas. Somente os indígenas podiam encontrar as " drogas do sertão ", nome utilizado para designar a canela, o cravo, o cacau, a pimenta e muitos outros produtos. Eram os índios que  conheciam os perigos da floresta e guiavam as expedições. Eram êles que pescavam, caçavam, lavravam a terra e faziam as farinhas.
Sob orientação dos sacerdotes, sobretudo dos jesuítas, foi feita a ocupação da região, surgindo ás margens dos rios as missões religiosas, origem de várias cidades atuais. Nelas o índio passava a viver, sendo convertido ao catolicismo e adquirindo hábitos europeus. Durante seis meses êle não deixava a missão para ir colher especiarias e ervas medicinais, para caçar ou pescar, regressando na estação das chuvas. Tinham início, então as festas religiosas, procissões, cantos e danças em homenagem a Tupã, a Virgem e aos Santos. Ao mesmo tempo, através de sinas-da-cruz e orações, afastava-se a influência maligna de Jurupari, deus indígena que os jesuítas comparavam ao diabo.
O colono escravizava o indígena. O jesuíta, ao contrário, adaptava-se ao seu nomadismo, atraindo-o para as missões. Nela o índio acostumava-se  à vida de aldeia e ao plantio das roças, um tipo de vida mais sedentário.
Até quando os jesuítas permaneceram na região amazônica?
Entre 1750 e 1777, Portugal foi governado por Dom José I, que tinha como principal ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal. Querendo fortalecer o reino português, o Marquês de Pombal iniciou uma série de reformas. Os jesuítas estavam entre aquêles que não concordavam com estas reformas, e por isso foram expulsos de Portugal e das colônias em 1759.
Esta medida do Marquês de Pombal teve várias repercussões no Brasil. O ensino desorganizou-se porque os padres jesuítas eram os que mais se dedicavam à instrução, realizando as chamadas " aulas de ler, escrever e contar ". Foram, então, contratados professores leigos ( não religiosos ), que seriam pagos pelo govêrno português, o qual obteria os recursos necessários através de um imposto, pagos pelos colonos e denominado " subsídio literário "
A exploração das drogas do sertão declinou, porque as mais importantes missões eram dirigidas pelos padres jesuítas. Para substituí-las, foi criado o Diretório dos Índios, sob a direção de funcionários do govêrno. Foi nessa época que os nomes indígenas das missões foram substituídos por nomes portuguêses. Tápajós passou a se chamar Santarém e Mariuá teve o seu nome mudado para Barcelos. Mais tarde, o rei proibia o uso da língua indígena, tornando obrigatória a língua portuguêsa.
Coube ao Marquês de Pombal também o incentivo à agricultura do algodão, do cacau, do café e outras espécies vegetais, assim como a criação de gado, sobretudo na ilha de Marajó. Nessas atividades, o elemento principal não foi nem o português nem o índio, mas o mestiço, resultado da mistura étnica dos dois primeiros. Entende-se por etnia o conjunto de características físicas e culturais de um determinado grupo humano.
A expansão pastoril no sertão do nordeste

 A criação do gado parece ter surgido em São Vicente, em 1553, com a vinda de algumas cabeças da ilha da Madeira.
O gado parece ter sido introduzido para movimentar engenhos de açúcar.. Mas o papel da disseminação do gado não foi desempenhado pelos engenhos, unidades macro-econômicas que bastavam a si mesma, e sim pelas fazendas, currais e vaqueiros.
A criação do gado desenvolveu-se principalmente entre as cidades reais de Salvador e São Cristóvão. Isto aconteceu porque a pecuária tinha como finalidade mais importante o abastecimento dos engenhos de açúcar, localizados principalmente no litoral nordestino e na Capitania Real de Bahia de Todos os Santos.
Quando a agro-indústria do açúcar expandiu-se pelo litoral foram necessárias mais cabeças de gado. E a pecuária também se expandiu. Como a cana-de-açúcar dava maiores lucros, os proprietários de engenho  cada vez mais se interessavam em utilizar as terras do litoral para a plantação de canaviais e não para a criação de gado.
Os proprietários conseguiram até que os reis de Portugal fizessem várias leis proibindo a atividade pastoril junto as plantações de cana-de-açúcar, no litoral. Assim sendo, os currais ( lugar onde se junta e recolhe o gado. 0 foram obrigados a penetrar pelo sertão, onde o tipo de solo e o clima não eram favoráveis ao cultivo da cana-de-açúcar.
Na agro-indústria do açúcar o colono primeiro conquistava o território para depois iniciar a exploração econômica. Já a criação de gado não é o colono quem abre o caminho conquistando o território, mas o animal. O gado ia na frente e o vaqueiro atrás. O gado ia entrando pelo sertão de clima semi-árido, em busca das áreas onde os pastos fossem de melhor qualidade, seguindo o curso dos rios e procurando barreiros de sal ( pontos onda a evaporação trouxe para a superfície os sais minerais ). E o vaqueiro ia seguindo o gado erguendo os currais e ocupando as terras.O mediterrãneo pastorial estava formado.
E houve até um rio que foi conhecido no período colonial como o " rio dos currais " o rio São Francisco. Seguindo o seu curso os currais penetravam pelo sertão. O mesmo aconteceu com os rios Paranaíba e seus afluentes.
Avançar pelo sertão, o gado abria caminhos; os chamados " caminhos do gado " . Dois dêles se tornaram muito conhecidos no período colonial. O que saia de Salvador e atingia Fortaleza pelo,litoral, através dos " sertões de fora ". E o que saindo de Salvador, alcançava o rio São Francisco, o rio Canindé, o rio Parnaíba e o rio Itapicuru até chegar á cidade de São Luís, através dos " sertões de dentro "
Por onde ontem o gado passava, hoje passam os modernos meios de transporte.
Junto a êsses caminhos, em determinadas épocas do ano, reuniam-se os criadores e os comerciantes de gado, nas chamadas " feira de gado ". Elas deram origem a várias vilas no sertão do Nordeste, cujo nome ainda hoje lembra a atividade pastoril, como Feira de Santana, Pastos Bons e muitas outras. A atual cidade de Oeiras, antiga capital do Piauí, chamava-se Vila da Môcha, isto é, vila da vaca sem chifre!
Os rebanhos do sertão nordestino, que já abasteciam a região acucareira, passaram a abastecer as regiões mineradoras. Subindo o cursos dos rios São Francisco, Araguía, Tocantins e outros de menor extensão, o gado ali chegou unindo-as ao sertão nordestino.
No final do século XVIII, as diversas regiões brasileiras estavam ligadas entre si pelos " caminhos de gado , com exceção da reigão amazônica. A criação de gado foi a responsável por isso, porque era uma atividade que tinha como objetivo prioncipal abastecer o próprio país, isto é, o mercado interno, ao contrário das demais atividade.
O gado era criado no sertão do Nordeste em locais denominado fazendas ou currais. Os seus proprietários geralmente nêles naõ residiam deixando-os sob a direção de pessoas de sua confiança: o vaqueiro. Este era era auxiliado por dez ou doze homens quase sempre livres, denominados " fábricas ". A maior parte dêles eram índios ou mestiços que facilmente se adaptaram ao trabalho que não lhes exigia a fixação ao solo.
 Vaqueiro e fábricas, cuidavam dos rebanho e mantinham uma pequena agricultura para a sua alimentação ( agricultura de subsistência ). O primeiro era pago com uma parte das crias, após quatro ou cinco anos de serviço, o que lhe permitia formar o seu próprio rebanho. Os fábricas recebiam ás vezes um pequeno salário anual.
Os currais localizavam-se habitualmente ao longe dos rios, tendo uma extensão média de três léguas  ( antiga medida valendo seis quilômetros ). Os sertões da Bahia, entretanto eram dominadas por duas grandes famílias: a da Casa da Tôrre, de Garcia d!Ávila com duzentas e sessenta léguas pelo rio São Francisco acima, e a de Antônio Guedes de Brito, com cento e sessenta léguas. Para adquirir essas terras imensas não gastaram mais do que papel e tinta ao requererem sesmarias.
POUCO OURO E MUITO COURO

No primeiro momento da economia pastoril, do boi só se aproveitava, para fins de exportação, o couro. E dele se fazia tudo, como nos explica Capistranio de Abreu: " de couro era a porta das cabanas, o rude leito aplicado ao chão duro, e mais tarde, a cama para os partos de couro todas as cordas, a borracha para carregar água, o mocó ou alforge para levar comida, a maca para guardar  roupa, a mochila para milhar cavalo, a peia para pendê-lo em viagem, as bainhas da faca, as broacas e surrões, a roupa no mato, o banguês para cortume ou para apurar sal; para os açúdes, o material de atêrro era levado em couros puxados por juntas de bois que calcavam a terra com seu pêso; em couro pisava-se tabaco para o nariz"
Capítulos de história colonial.
O sertanejo adorava o boi, como um egípcio antigo, ao boi Ápis. O Piauí aparece com:
"O meu boi morreu,
Que será de mim?
Manda buscar outro,
Lá no Piauí"
Nas baixadas do litoral sul, os vicentinos não encontraram o massapê que facilitasse a agro-indústria do açúcar. Mas, em compensação, puderam catar algum ouro, no leito dos rios ( ouro de lavagem ) .
Como ele não fosse em grande quantidade, tornava-se necessário ir sempre adiante, em busca de outras baixadas. Assim, foram ocupadas São Francisco do Sul em 1658, Desterro, atual Florianópolis, na ilha de Santa Catarina, em 1673-1678, e Laguna em 1688, todas no atual Estado de Santa Catarina.
Logo os habitantes dessas vilas litorãneas perceberam que era mais rendoso dedicar-se a criação de gado nos campos do plananlto meridional.Em 1720, o sertanista Bartolomeu Pais escrevia ao rio:
"Acho-me com talentos ( capacidade ) e cabedais ( capitais ) para, com força de um avultado ( numerosos ) corpo de armas ( grupo de homens armados ), fazer entrada ao Rio Grande, sem menor despesa da fazenda real talar ( devastar ) aquele vasto sertão e abrir caminho pelo centro dele, demandando ( procurado ) o rumo de São Paulo".
O  "vasto sertão" a que se referia Bartolomeu Pais era uma região de relevo suave e clima ameno, onde se alternavam a vegetação de mata e a de campo. As regiões de campo eram muito favoráveis á criação de gado. Elas apareciam desde a Capitania de Saõ Vicente até o Rio Grande de Saõ Pedro, atual Estado do Rio Grande do Sul. Esses campos recebiam diferentes nomes: campos de Parapanema, campos de Curitiba, campos de Guarapuava, campos de Lages, campos de Palmas, campos do Viamão e campos de Vacaria. Neles pastavam livremente incontáveis rebanhos de gado do qual o índio das missões foi o primeiro vaqueiro. depois dele veio o bandeirante que não vivia da agricultura ou da mineração. Ele já preara o índio; agora ia prear o gado do índio.
Mas não seriam necessários a Bartolomeu Paes muitos " cabedais " para organizar uma estância, nome dado no sul às fazendas de gado. Nem seria necessário " avultado ' número de " peões", que fossem índios, mestiços ou escravos negros, para pastorear o gado sob as ordens do capataz. Mas o estancieiro, o capataz e os peões deveriam ter muitos " talentos" e estar sempre armados. Havia o perigo constantr de ataques dos espanhóis, dos índios, dos contrabandistas e dos ladrões. O vaqueiro, a qualquer momento, se transformava num guerreiro a cavalo. Assim nascia o gaucho.
Na época em que Bartolomeu Paes escreveu ao rei, os paulistas, vindos de Laguna, começavam a povoar os pampas ( campos do Rio Grande do Sul ), descendo pelo litoral muitos deles nos campos de Viamão. Mas dez anos depois de sua carta, fora aberto outro  caminho " pelo centro '. Era um " caminho de gado ", que ligava as margens do Rio da Prata e da Lagoa dos Patos à feira de Sorocaba, na capitania de São Vicente.
Nesta feira os estancieiros vendiam muares aos tropeiros ( condutor de tropas; de animais de carga ) que iam subir a serra da Mantiqueira em busca das Minas Gerais. Vendiam também, os couros que, por vezes, eram exportados. E mais o sebo, os chifres e as crinas. Mais tarde, no séculpo XVIII, venderiam charque  ( carne seca, de sal ou de sol ). Quem lhes ensinou a charquear a carne foi José Pinto Matinis, tropeiro cearence que foi parar no arroio Pelotas, nos campos do Rio Grande.
A conquista do sul do Brasil nos éculos XVII e XVIII, seguiu dois caminhos, ambos dominados pelos paulistas. Olitoral, através da ocupação das baixadas desde São Vicente até Laguna e o do interior através do " caminho de gado ' que atravessa os campos, desde Sorocaba até o Rio Grande do Sul.
Outras indústria rudmentares iriam aparecer em função dessa economia do gado: a do queijo coalhado e de mochila; a do azeite de carrapateira; a dos óleos vegetais; a dos frutos silvestres. Da zona do açúcar foi trazida a mandioca e a farinha se tornou o alimento principal. Vieram também, as aguardentes e a rapadura, para complemento da alimentação desse asceta de jaqueta de couro, a quem o indígena ensinou mil utilidades do milho, do fumo e da sua farmacopéa.
O boi trouxe o cavalo, e este o muar. O nordeste produziu um tipo de asinino, o jegue que nada deve em resitência a jejuns ao camelo. Mostrou-se capaz de resistir à mais inclemente sêca, alimentando-se de cactáceas, á falta de capim. Outro elemento de fixação do homem foi ainda o bode que encontrou seu " habitat" no Moxotó.
Esse tipo de sociedade primitiva e patriarcal, " a civilização do couro " se baseava principalmente, no trabalho livre. Na economia pastoril não havia lugar para o escravo. As maiores fazendas de gado nordestinas não tinham mais do que 10 ou 12, ao passo ue os engenhos requeriam de 100 a 150. ´e raro, encontrarem-se negros no sertão. O branco é predominante em forma absoluta. Quando criança alguns sertanejos são louros e de olhos claros; na puberdade se transmudam em morenos com olhos acobreados
 As bandeiras deram início ao grande movimento de expansão para o Oeste. Do atual Estado de São Paulo partiram indivíduos para quase todos os pontos do atual terriorio brasileiro.

As bandeiras podem ser divididas em despovoadoras e povoadoras. Chamamos de bandeiras despovoadoras aquelas que desbravaram várias regiões, ultrapassando o limite imaginário da linha de Tordesilhas, mas não deram origem a núcleos permanentes de povoamento. As bandeiras despovoadoras estão ligadas á caça ao índio.
As bandeiras ligadas ao ouro de lavagem, ao sertanismo de contrato e à mineração deram início ao povoamento de vastas áreas do território brasileiro, e por isso são chamadas de bandeiras povoadoras.
No século XX a carne verde brasileira deu origem a uma nova indústria: a dos enlatados. Começou a era dos frigoríficos, da Anglo e da Swift, que se tornaram virtuais donas da economia riograndense. Na segunda guerra mundial ( 1939-45 ) os enlatados nacionais alimentavam os  soldados estrangeiros enquanto imensas filas se espraivam às portas dos açougues. Enfim a privação valeu desde que serviu para matar a besta nazista.O couro de exportação foi também uma grande fonte de exportação nos século XIX e XX.
Quem diria que daqueles casais de bois, cavalos e muares desembarcados em São Vicente viesse a florescer uma pecuária de tão grande importância, no decursos de alguns séculos.

Capistrano  de Abreu ( 1853-1927 )   historiador brasileiro, no seu livro Capitulos de História Colonial,mpg 217, assim descreveu a
CIVILIZAÇÃO DO COURO

" Os primeiro ocupadores do sertão passaram a vida bem apertada: não eram donos das sesmarias, mas escravos ou  prepostos ( representantes ).
Carne e leite havia em abundância, mas isto apenas. a farinha, único alimento em que o povo tem confiança, faltou-lhes a princípio por julgarem imprópria a terra à plantação da mandioca, não por defeito do solo, pela falta de chuva durante a maior parte do ano. O milho , a não ser ver, afugentava pelo penoso de preparo naqueles distritos ( localidades), estranhos ao uso do monjolo ( pilão ).
 As frutas mais silvestres, as qualidades de mel menos saborosas eram devoradas com avidez. Pode-se apanhar muitos fatos da diva daqueles sertanejos dizendo que atravessaram  a época do couro. De couro era a porta das cabanas, o rude leito aplicado ao chão duro, e mais tarde a cama para os partos; de couro todas as cordas, a borracha para carregar água, o mocó ( bolsa de tiracolo ) ou alforje ( saco ) para levar comida a maca ( saco ) para guardar a roupa, a mochila para milhar ( dar milho ) cavalo, a peia ( correia ) para prendê-lo em viagem, as bainhas de faca, as bruacas e surrões ( bolsas) , a roupa de entrar no mato, os banguês ( macas ) para curtume ou para apurar o sal; para os açudes que calcavam a terra com seu peso; em couro pisava-se tabaco para o nariz."

Estancieiros vendiam muares aos tropeiros ( condutor de tropas; de animais de carga ) que iam subir a serra da Mantiqueira em busca das Minas Gerais. Vendiam, também, os couros que, por vezes, eram exportados. E mais o sebo, os chifres e as crinas. Mais tarde, no século XVIII, venderiam charque ( carne sêca de sal ,ou de sol ). quem lhes ensinou a charquear a carne foi José Pinto Martins, tropeiro cearense que foi parar no arroio Pelotas, nos campos do Rio Grande....